Acordo e vejo à minha frente uma nesga de sol a deitar-se na
cortina de meu quarto. Talvez tentando aquecer o frio Deixado, por mero engano,
de uma ternura, que se faz presente, ainda naquele frio lugar.
O calendário sacode-me e percebo a chegada de mais uma
estação. Há no peito um sentimento que se fortalece as estações. Na brisa do
amanhecer, uma esperança qualquer, que não se despede do meu ser, embora todas
as possibilidades acenem que sim.
Em algum lugar, ainda mora um sonho, como se ditasse outra
vez, versos de minha história, transcrita pela realidade e pelo grito da razão.
Longe de mim a calmaria, a quietude.
Emanciparam-me da serenidade, tão anunciada com a tal maturidade. Meus passos
incertos, jamais souberam caminho que se apresentava para “o seguir em frente”.
Nem ao menos sei se meu objetivo era chegar.
Como poderia eu ser ganhadora? Acalentava-me a acariciar do
vento, a flor que caíra ao chão sem dono, sem contar o tempo, apenas o prazer
que aquela imagem me propiciou.
Esperavam de mim, que eu vencesse, mesmo fora dos padrões
convencionais. Pequei. Sim pequei, quando escolhi não desagradar o meu sentir,
dei vazão ao pulsar e apelos do coração. Amadora, sempre, não questiono
emoções, vivo delas e por elas.
Entendo pouco de comportamentos lineares, exatos, com
fórmulas. Eu tentei juro, mas minha natureza liberta, não condiz com tamanhas
regras de sentir, de comportar, de sufocar.
Minhas palavras nunca souberam esconder o segredo de um
amor, quando me habita o corpo, a alma, o sonho. Nunca entendi o porquê
deixarem tantos nós no coração. E eu, com esta mania esquisita de falar do que
sinto pelos lábios, mãos e olhares. E eu, com esta forma estranha de dar
reconhecimento do que sinto e por quem sinto. Sempre foi inútil querer
silenciar minhas confissões, mesmo se questionada sobre a certeza de um amor.
Como se o amor tivesse que ser testado, discutido,
dimensionado, verbalizado e não apenas sentido. Parece que saber de sua
existência não basta. Talvez seja por isto que grande parte de nós, sequer
desconfie o que é viver um grande amor.
De uma forma ou de outra, a expressão do que sinto fica meio
desajeitada, desencontrada de um mundo pra lá de “liberal”, ainda preso a
preceitos deste mundo. E como se não bastasse, ainda flagrei-me poeta. Mas
quase sempre, a palavra me parece carente de sentido para compreender minha
ignorância no universo da emoção.
MNilza
Texto postado em 28/12/2005
6 comentários:
Nunca pecamos se seguimos o que sentimos... mas os outros nem sempre compreendem que somos livres... que fomos criados livres, alías...
O teu texto tem 6 anos, mas é belíssimo. Porque re revelas nele.
Querida amiga Nilza, tem um bom fim de semana.
Beijos.
Já disse em algum comentário sobre as blogagens que o melhor que existe nelas é encontrar novos blogs, novas pessoas por aí.
Entrei aqui, me encantei, e venho para ficar.
Abraços
Com certeza, sempre fazer o que sentimos é o nosso maior remedio para viver...
otimo texto mesmo, a cada dia vc passa mais vida.....
bjos
Philip Rangel- Entrando numa Fria
Agradeço o seu carinho e a sua visita, na Curiosa.
Ando tão sem tempo.
Mas deixei flores para ti no blog.
Carinhosamente,
Sandra
Bjs no seu coração. Pois moras no meu coração, até mais,
Sandra
Oi Nilza!
Bem vinda a blogosfera!
Obrigado pela linda visita!
Sabe?
Eu posto mais mo Ideias, no Vidas e no Lua... os demais estou pensando em deletar...
bjos
Visita! Fiz uma ótima leitura.
Inté volto.
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