7 de jul. de 2009

O valor da liberdade e seu lugar



Tantos brados e cantos ouvimos de vocais inflamados pelas ideologias, que nos fazem crer que o espaço reservado a nós – seres humanos – seja, ainda o mais racional possível.

Entendendo como:


Ser humano - alguém que usa o raciocínio, que pensa, que reflete.

Racional - significa tornar reflexivo, empregar o raciocínio para
resolver problemas. Trata-se de uma operação mental complexa que consiste em estabelecer relações entre elementos dados.

“Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.”
Carlos Drummond de Andrade


Deste espaço, de onde se planta e colhe, se respira, se tira, vive e mata, se aprende e cultiva, se ganha o pão, se perde até a razão. Lugar onde o mal se instala no âmago do tal “ser humano”, que trai a própria fé, o juramento ao se formar e se torna um profissional cuja finalidade é curar, é cuidar, socorrer, ser caridoso e dedicado em qualquer momento e situação.

Adentra neste espaço a falta de caráter e humanidade em que se escreve no braço de pessoas informações que, por obrigação e educação, deveriam ser dadas por escrito sobre a quem devem procurar e como saber o espaço que servirá para trazer luz a um ser, também humano. Marcam como fazem com animais a caminho de um abatedouro e tratam como seres irracionais.

“Médico escreve em braço de gestante e a manda ir de ônibus a maternidade no Rio. Bebê morreu”
CBN 6/7/2009.

“Grávida chega em estado grave ao Miguel Couto e médico escreve em seu braço a maternidade para ir e o ônibus para pegar”.

“O sonho de ter uma menina, que viria a se juntar a dois garotos mais velhos, estava prestes a se tornar realidade, mas foi interrompido pela irresponsabilidade e pelo descaso médico durante um atendimento no Hospital Miguel Couto”.


“A Polícia Civil do Rio abriu um inquérito nesta segunda-feira para apurar o caso e já começou a ouvir as gestantes que não conseguiram o atendimento no Hospital Miguel Couto. O médico, que não teve o nome revelado, é acusado de negar atendimento a pelo menos três grávidas que foram ao hospital, sob o argumento de que o local não tinha leitos disponíveis para receber as gestantes. O médico teria alegado que oatendimento estava prejudicado por uma obra no hospital”. Ele teria escrito à caneta nos braços das gestantes o nome e o endereço do hospital que poderia recebê-las. O profissional ainda teria rabiscado no braço das grávidas o número do ônibus que elas deveriam pegar, visto que também não haveria ambulância disponível para transportá-las.”


Ao ouvirmos que o valor da liberdade se encontra onde a colocamos, surgem inúmeras indagações:
- Onde estava a liberdade dessas mulheres ao terem seus braços escritos por alguém que deveria estender as mãos para utilizar equipamentos e instrumentos, que ao longo de seus estudos aprendeu a finalidade maior de dar a luz, dar a liberdade e a vida?

O descaso foi maior.

Tenho lido que a escravidão ainda persiste e existe no mundo, porém com uma visão diversa daquela que se acreditou por tantos anos. O valor da liberdade está na paz que podemos desfrutar com a pureza de nossos atos e consciência. Seguindo este raciocínio constatamos que muitos “senhores” dos grandes estudos, os mestres de todos os mestres podem estar mais escravizados que um subalterno humilde que consegue manter sua conduta de uma forma simples e humanizada de verdade.

7 comentários:

MEU MUNDO E NADA MAIS... disse...

Amiga Nilza, seu blog está maravilhoso,adorei o texto,Parabéns
estou passando pra retribuir a visita e o carinho, querida tenha um lindo amanhecer, fique com Deus
bjs!!!!!!!!!!!!!!

Márcia disse...

Tantos brados que se perdem num mundo de descasos
onde ser não vale nada e ter é a solução...

Pois é querida, eis o mundo em que vivemos e morreremos um dia, aleluia!!!

lindos dias flor
beijos

aapayés disse...

Un gusto leerte

Saludos fraternos
Con el cariño de siempre

Un abrazo
Besos

Citadino Kane disse...

Nilza,
As gestantes são pessoas simples, anônimas... Sonhos que se perdem pela total desumanidade, juramento de Hipócrates, tudo perdido, perdido...
beijos,
Pedro

Nilson Barcelli disse...

O seu post é impressionante.
Não conhecia o caso (essas notícias não passam em Portugal...).
Sobre a liberdade, direi apenas que ela não é possível sem as pessoas terem condições mínimas de saúde, educação, alimentação e alojamento. Só depois disso é que é possível ser-se livre. Sendo uma condição necessária, ela pode, contudo, não ser suficiente. Por motivos políticos ou outros.
Querida amiga, um beijo.

Mário e Cris disse...

De blog em blog cheguei aqui e gostei muito,voltarei, com certeza! Certas coisas assustam a gente não é mesmo? E isso foi uma delas.
Dias felizes,Cris

Daniel Savio disse...

Penso que ainda temos a razão (a capacidade de racionalizar), mas não temos mais a lógica...

Só isto explica esta falta de responsabilidade...

Fique com Deus, menina M. Nilza.
Um abraço.