25 de jun. de 2009


IV

Que boca há de roer o tempo? Que rosto
Há de chegar depois do meu? Quantas vezes
O tule do meu sopro há de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?

Atravessaremos juntos as grandes espirais
A artéria estendida do silêncio, o vão
O patamar do tempo?

Quantas vezes dirás: vida, vésper, magna-marinha
E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor

Uma nova vertente há de nascer em ti
E quantas vezes em mim há de morrer.

PRELÚDIOS-INTENSOS PARA

OS DESMEMORIADOS DO AMOR.
Trechos selecionados: Poesia - Hilda Hilst


Queria esquecer a cor de teus olhos,
porque assim a saudade deles seria menor.
Queria não lembrar do tom da tua voz,
o teu jeito de falar, o sorriso lindo
que só vem de ti, queria tanto - mas não posso.
O que sinto por ti é
além de qualquer imaginação
.

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